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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

FANDANGO DO PARANÁ...

Fandango do Paraná
O Fandango, no Paraná, é uma festa típica dos caboclos e pescadores habitantes da faixa litorânea do Estado, na qual se dançam várias danças regionais, denominadas marcas do Fandango.
Temos registrado perto de trinca marcas diferentes, e muitas outras existem ainda, próprias de cada região em que se dança o Fandango. As que temos anotados são as seguintes: Anu, Xaranzinho, Xará-Grande, Queromana, Tonta, Dondon, Chamarrita, Andorinha, Cana-Verde, Marinheiro, Carangueijo, Vilão-de-Fita, Meia-Canja, Chico, Tiraninha, Lageana, Passeando, Feliz, Serrana, Sabiá, Recortado, Caradura, Sapo, Tatu, Porca, Estrala, Pipoca, Mangelicão, Coqueiro, Pega-fogo, e outras, umas conhecidas em certas zonas e outras, noutras.
As danças se dividem em dois grupos: as batidas e as valsadas ou bailadas. As primeiras se caracterizam pelo sapateado forte, barulhento, batido a tamanco ou sapato. Abafam quase completamente a música do conjunto. Ess e bater do tamanco se chama em alguns lugares rufar. Nas segundas não há sapateado. São uma espécie de valsa lenta, em que cada dançarino baila em geral com o mesmo par, mais se arrastando do que dançando.
As marcas valsadas são intercaladas entra as batidas, para descanso dos bailarinos, intercalando-se geralmente uma valsada depois de duas ou três batidas O sapateado batido a tamanco, com a violência do Fandango tresandando a suor e com a camisa alagada. É conhecido no Balneário de Caiobá, o se. Machadinho, cujo pai tomou o nome de Machado, porque, com a força com que batia o Fandango, quebrava as tábuas do soalho. Os Fandango são dançados sempre em recinto fechado, isto é, dentro da casa, e onde o chão seja de madeira, de modo que haja a devida ressonância do batido.
O sapateado é feito exclusivamente pelos homens. As mulheres não batem o Fandango.
Em Serra Negra, no Rio dos Madeiros e em outros pontos da Baía de Paranaguá, o Fandango é dançado em cima do arroz, a fim de "tirá-lo do casco". A isso se chama "fazer gambá". Alia-se assim ao Fandango uma função econômica, altamente proveitosa.
Não há comando que oriente o desenrolar da coreografia. Os dançarinos seguem a música, aliando à sua execução uma série de convenções sabidas por todos e aprendidas em casa desde crianças.
O ritmo da dança, nos valsados, é diferente do ritmo da música, sendo este último bem mais rápido. Aliás, toda a música do Fandango é quase só ritmo. A linha melódica é muito ideterminada e por vezes imperceptível.
A única voz de comando que se ouve no Fandango é dada como sinal para indicar o fim de qualquer marca: ô de casa! - gritada por um dos violeiros. A esse grito as mulheres saem da roda e os homens batem o arremate.
As ,arcas batodas, embora se componham de partes batidas e valsadas, terminam sempre no batido, com um batido forte, uníssono, dando simultaneamente por todo s os bailarinos.
Antes do início do Fandango ou nos intervalos das marcas, geralmente os cavalheiros batem sapateando pela sala, sem música, por sua prórpia conta, com o fim de convidar, influir e chamar as damas, e, ao mesmo tempo, provocar o início da dança.
O fandango é dançado em toda a faixa litorânea do Paraná ao pé da Serra do Mar e já bastante afastado, portanto, das praias, como em Morretes e Porto de Cima, Na zona praiera, consevando-se melhor nos locais distantes dos balneários e das cidades, ainda não atingidos pela civilização, como o Pontal do Sul, na Praia de Leste; a barra do rio Guaraguaçu; o Rio dos Medeiros; a Serra Negra, etc. Nas zonals balneáreas, como Matinhos, Caiobá e Guaratuba, já perdeu muitos dos seus característicos.
O fandango tem, no Paraná, uma vitalidade e uma pureza rara, embora a tendência em nossos dias, seja para o seu total desaparecimento, dentro de mais duas ou três gerações. Os que mantêm a tra dição do Fandango vívida e pura são os velhos e os homens feitos. Os jovens da nova geração que não querem dançar o Fandango, sentem-se envergonhados e preferem as danças modernas.
É usual o emprego da expressão folgadeira para designar as mulheres que participam do Fandango. Os homens são folgadores. Aliás, é de se ver a atitude apática e indiferente das mulheres, andando molemente, com as mãos metidas nos bolsos dos casacos, sem trejeitos nem requebros. Fisionomias absolutamente inexpressivas. O seu entusiamo pela dança, que é sincero, não se manifesta absolutamente no exterior.

Pesquisa: Caderno de Folclore - Fernando Corrêa de Azevedo 1978

Continua...

Os Instrumentos Músicais do Fandango

Professor Algacir Elias Portela
Licenciado pela FAP - Faculdade de Artes do Paraná - CRM 13.237 PR

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